Crise de crédito e recuperação no cenário brasileiro
Além da crise de saúde global, a pandemia de covid-19 coloca a economia mundial diante de grandes incertezas e, talvez, da maior crise de crédito da contemporaneidade. Ela representa um crescimento nos endividamentos de famílias e empresaras que podem não conseguir sustentar o peso de uma possível recessão. A resposta a esse cenário precisa contar com a soma de esforços por parte do governo, das instituições financeiras e de todas as partes envolvidas para manter negócios e acelerar a recuperação econômica.
Segundo estudo da Oliver Wyman, a relação entre o tempo da crise e a sua repercussão no cenário brasileiro deve ser observada pelas instituições de crédito e as autoridades para a tomada de decisões que terão efeitos de longo prazo, sendo cruciais para a forma como a economia emergirá desta crise.
Os impactos da pandemia na economia geram uma necessidade maior por fluxo de caixa, refletido, principalmente, em empresas nacionais e familiares (PMEs) e pessoas físicas. Questões como lockdown, distanciamento social e fechamento de fronteiras desencadeiam diminuição de entradas, esgotamento de reservas, demissões e falências. O pacote de estímulos do governo visa a trazer uma rápida recuperação e minimizar esses impactos, mitigando a queda da renda e atuando de forma específica para manter empregos, no entanto, é emergencial e não é uma fonte inesgotável.
As perdas advindas da crise podem ser muitas. Um plano de recuperação é essencial para que os efeitos dela sejam minimizados. Além de quaisquer ações que possam ter tomado até agora, as empresas provavelmente precisarão explorar outras soluções, como estratégias de redução de custos de garantias, produtos de seguro de crédito, financiamento de prêmios e o uso de seguradoras cativas – tudo o que for possível para manter a liquidez.
Este é o momento de todas essas instituições atuarem em conjunto para estimular a recuperação da economia nacional. Governo, credores e instituições financeiras devem trabalhar em programas abrangentes de resposta à crise, garantindo incentivos adequados. As instituições financeiras devem fornecer sua expertise e experiência em recuperações de empresas para auxiliar nessa retomada. Uma ação bem coordenada pode auxiliar na preparação de planos de resposta, incluindo avaliações de impacto econômico por setor e relacionado a solvência dos bancos, além de uma análise completa e criteriosa da capacidade do setor bancário e do sistema financeiro privado de apoiar a economia.